quarta-feira, janeiro 17, 2007

Quinta da Padrela


A Quinta da Padrela situa-se no Concelho de Tabuaço, Cima Corgo portanto. Em termos de longitude está, de forma pouco precisa, no enfiamento de Ferrão, mas na margem oposta e mais a sul. Com 12 hectares, vinhas dos 20 ao 70 anos, todas em solo xistoso e a 400 metros de altitude, está bom de ver que os seus néctares transpiram os aromas do Douro. Com um cariz familiar, lançou-se no sonho de comercializar a "bebida mais civilizada do mundo" (disse-o Hemingway) e tem dois vinhos a postos cuja exportação tem sido um êxito. O primeiro foi provado 2 vezes – com um intervalo de mais de seis meses – e as notas que se seguem são as da segunda prova realizada já no início deste mês de Janeiro. Trata-se de um projecto promissor que parece assentar num perfil claramente duriense e que, neste momento de voragem de marcas, merece o nosso destaque pela genuinidade dos seus vinhos. Original é a escolha das garrafas, de vidro fino e dimensão reduzida (mas mantendo 75cl de capacidade), muito práticas e leves de transportar. Vejamos então:

  • Quinta da Padrela (T) 2004: Cor viniosa de tons cereja. Nariz intenso, algum álcool e uma combinação curiosa entre estilo marcadamente vegetal (duro) e notas de fruta preta amarga. Na boca temos harmonia sem laivos de madeira por perto com taninos agrestes a pedir tempo de garrafa. Com o trago mantém-se vigoroso o seu lado vegetal com notas a espargos e aneto. Tudo muito vivo, fresco mas também curto, com um final pouco persistente. Está menos acabado que o irmão reserva e, por isso, um ano de garrafa (pelo menos) só lhe fará bem para diminuir a adstringência e irreverência da juventude. A menos de 8 €. 15
  • Quinta da Padrela Reserva (T) 2004: Rubi muito negro, com auréola escura e alguma espuma. Nariz novo, menos vegetal que o anterior, arrebita um nariz sedutor a cereja, noz moscada e alguma pimenta branca. Na boca mantém o equilíbiro do irmão, mas eleva-se num (ou mais) patamar de qualidade. Muita concentração, esgaço, notas amargas a chocolate preto e azeitonas, castas bem trabalhadas, enfim um vinho que pede uma refeição. Final médio a prometer mais. Em crescendo. O contra-rótulo fala em cariz moderno mas não parece ser o caso. "Douro clássico bem feito" isso sim! E não é pouco. Se gostei? Gostei muito. A menos de 14 €. 16

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