domingo, outubro 07, 2007


Prova: 6 tintos do Dão

Tratava-se de mais uma prova cega de seis vinhos levada a cabo por seis amigos (ver provas anteriores aqui e ali). Desta feita, o lema era "Tintos recentes do Dão". Como é política destas coisas, decantou-se cada vinho cerca de 40m antes da prova e atribuiu-se a cada decanter um número de 1 a 6. A prova foi constituída por uma fase sem qualquer comida e outra na qual foi acompanhada de uma refeição leve. Ao longo da prova verificou-se que "em jogo" estavam diferentes estilos de Dão o que, desde logo, revela que a região não anda parada, e que o consumidor tem por onde escolher... vejamos melhor:

O vinho que se revelou como o mais duro da mesa (apesar de para alguns isso ser "autenticidade") foi, curiosamente, o único produzido por uma senhora: foi o Lokal Sílex (T) 2004 da produtora e enóloga Filipa Pato. De facto, não esteve nada bem no nariz (começou reduzido, depois passou por uma fase de mofo, enfim…) mas melhorou significativamente na boca onde, já redondo e afinado, terminou com referências a fruta amarga e, outras mais curiosas, a carne.
Empatados em quarto lugar ficaram dois vinhos. O primeiro deles foi o Barão de Nelas Reserva (T) 2003, um tinto com notas de chá doce no nariz, boca fina e elegante mas com ligeiro travo a água-pé; o outro foi o Vinha de Reis (T) 2004 que, apesar de também ter começado por despontar no nariz (inclusive um ligeiro mas muito desagradável odor a pano molhado), esteve muito bem na boca onde revelou um estilo mais quente e internacional do que os vinhos referidos anteriormente.
Depois, no último lugar do pódio surgiu o Munda (T) 2004, num perfil todo ele muito intenso: nariz fortemente frutado (eg., líchias) e floral por vezes mesmo alicorado, boca potente e larga - uma pequena "bomba". Já um degrau acima ficou o Quinta da Garrida Touriga Nacional (T) 2003, muito torrado no nariz (seria da madeira?) combinou um precoce bouquet a frutas secas com uma boca equilibradíssima, elegante e final prolongado – claramente a melhor relação preço-qualidade dentro do grupo.

O primeiro prémio absoluto foi para o vinho com o perfil mais moderno e sedutor… nariz vinioso, notas soltas a tinta-da-china, muito corpo na boca, pesado mas sem perder qualquer laivo de graciosidade – é um grande vinho este Quinta do Perdigão Touriga Nacional (T) 2004 (já o provámos com mais detalhe aqui) !

Foi assim…

1 comentário:

Luis Prata disse...

Esse Quinta da Garrida é um verdadeiro néctar dos Deuses...