terça-feira, janeiro 27, 2009


Casa Burmester Reserva (T) 2006

Depois de algum desapontamento com ambos os Curva Reserva (ver post infra), foi tempo de encontrar alguma paz com o Casa Burmester. De facto, na gama premium, este parece-nos o melhor vinho da "Sogevinus", a par do Kopke Reserva. No copo, cor ruby. O nariz começa com a mesma sensação a verniz e cera que o Curva tinto mas depressa se expande para nuances mais rústicas a fruta preta e algum, vegetal seco, diríamos que nuances mais típicas dos tintos do Douro. Na boca revela taninos que aconselham mais um ano em garrafa, fruta vermelha, cacau a meio do palato e também no fim de boca. Acidez e final médios, condizentes com o que de melhor se faz nesta gama.

A menos de € 12,5 mantém-se uma boa aposta (para a edição de 2004 ver aqui) e, a nosso ver, um dos pedidos mais seguros junto da restauração mais especulativa.

16


Próximos vinhos: Apegadas Quinta Velha Reserva (T) 2006; Viniaticu (T) 2006; Sarmentu (T) 2006; Vinha da Costa (T) 2005

quarta-feira, janeiro 21, 2009


Curva Reserva

Estava previsto falar do tinto Casa Burmester, mas vamos começar antes pelos dois Curva Reserva. Não é grande desvio, posto que são todos produzidos pela empresa duriense "Sogevinus".
Poder-se-ia pensar que começamos pelos Curva pois gostámos mais deles. Mas isso não é verdade...

Curva Reserva (T) 2006: com cor rubi, revela no inicio um nariz com aromas a verniz, madeira, eucalipto. Tudo muito intenso, quase enjoativo. Com arejamento melhorou e mostrou-se mais químico, com notas de menta do tipo creme Vic's VapoRub e muito balsâmico. Na boca, aposta no difícil campeonato da elegância, mas não é um vencedor. Fino, com pouco final, não surpreende. A 12€ a garrafa, esperava-se mais deste reserva, apesar do ano não ter sido fácil. 15,5

Curva Reserva (B) 2007: a mesma intensidade do que o tinto, mas agora numa vertente floral estranhamente adocicada (malvasia?). Alguma madeira, fruta cozida, e muito floral doce… Boca com pouca expressão, apesar de fresca e com acidez interessante. A 10€ a garrafa, e somar ao tinto (e no branco não tivémos um ano difícil, pelo contrário), aqui ficam dois vinhos pelos quais se esperava mais. 15

A ver vamos o Casa Burmester…
*
Próximos vinhos: Casa Burmester Reserva (T) 2006; Apegadas Quinta Velha Reserva (T) 2006; Viniaticu (T) 2006; Sarmentu (T) 2006; Vinha da Costa (T) 2005

quarta-feira, janeiro 14, 2009


NOVIDADE


"Secret Spot" Moscatel do Douro


A par de Setúbal, a referência geográfica que se associa imediatamente a vinhos moscatéis nacionais é Favaios no concelho de Alijó (Douro). Contudo, a enorme produção de vinho moscatel em Favaios teimou, durante muito tempo, em não ser devidamente acompanhada por um reconhecimento da qualidade dos seus vinhos, sendo muitas vezes, aliás, relegada para um plano secundário, no fundo como se fossem "moscatéis de segunda" quando comparados com os irmãos de Setúbal…

Mas, de há uns anos para cá, alguns sinais surgiram em sentido oposto. Primeiro, o lançamento pela Adega Cooperativa de Favaios de lotes com uma qualidade significativa (eg. "Moscatel de Favaios 10 anos"). Depois, a aposta por algumas casas
conhecidas e usualmente mais identificadas com vinhos DOC ou do Porto, com destaque merecido para a Quinta do Portal (Celeirós).

Com largos anos a trabalhar "paredes-meias" com produtores de moscatel, Rui Cunha e Gonçalo Lopes (a dupla "GR Consultores") aperceberam-se da lacuna existente (i.e., a ausência de um moscatel de referência no Douro) e deitaram mãos à obra. Começaram por procurar os melhores agricultores e produtores, provaram e voltaram a provar os vinhos em reserva, e seleccionaram alguns lotes com idades diferentes. Com a mestria reconhecida à dupla de enólogos e produtores elaboraram, então, um lote final a partir dos vinhos seleccionados que estagiou num tonel de madeira exótica, ora engarrafado sob a denominação Secret Spot, já utilizada num belo tinto da colheita de 2004.

Quanto a este moscatel, evidenciamos a relação muito interessante entre acidez e untuosidade, muito recompensadora no olfacto mas, sobretudo, no palato. Cor cobre, com laivos esverdeados a lembrar ferrugem ou ambar. Nariz complexo, intenso, inebriante nas suas variações florais e tiques caramelizados. Entra na boca com carácter meloso, bem carregado nas notas não pesadas a caramelo. No "meio de boca" surge mais pungente, com as típicas notas a flor de laranjeira e a pêssego em calda a sobressairem, para terminar num final doce mas, simultaneamente, fresco e vivo. Gostámos muito, com nota positiva adicional para o facto de se diferenciar um pouco do estilo de Setúbal, este mais carregado nas referências adocicadas. A nosso ver, melhora se bebido no intervalo de temperatura entre 10º e 12º.

Uma iniciativa a salutar de forma festiva esta a de engarrafar um moscatel de topo do Douro! Naturalmente, só custa o preço, mas este moscatel tem o estatuto de quase raridade (dada a pouca quantidade produzida), entre € 40 a € 45 a garrafa de meio litro.


17-17,5

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Herdade do Perdigão - Reservas

São dois vinhos da Herdade do Perdigão que nos conduzem por este texto. Ambos de colheitas não totalmente recentes: o branco de 2006, o tinto de 2004. Talvez por isso (ou seja pelo estágio em garrafa que já mereceram), estão ambos vinhos calmos, eloquentes, e em óptima forma para serem consumidos. Apesar do que as notas atribuídas podem dar a entender, a verdade é que fomos mais (bem) surpreendidos pelo branco do que pelo tinto.


Herdade do Perdigão Reserva (B) 2006
No nariz não se identifica imediatamente a região (Alto Alentejo), e esse facto agradará o olfacto dos mais curiosos. Mas identifica-se o perfil: excelsa matéria-prima, fruta muito agradável e fresca, e alguma madeira a completar o cardápio. Por isso não espantam as referências iniciais a espuma de café expresso e mesmo a caruma. Boca muito fresca, com a madeira a conferir untuosidade e complexidade significativas mas não a impor-se de forma evidente (nas provas anteriores sentia-se mais a madeira). Ananás, frutas tropicais, mineral fresco, tudo a muito bom nível se nos lembrarmos que 2006 foi ano muito quente. É um branco muito bem feito que parece ter passado despercebido aos consumidores… Em princípio, com mais alguns meses em garrafa, a madeira que ainda se sente no nariz ficará mais integrada e teremos aqui um belíssimo branco alentejano. 16,5+

Herdade do Perdigão Reserva (T) 2004
A cor denota concentração mediana num encarnado escuro mas com alguma translucidez e evolução. O nariz é todo fruta vermelha misturado com vejetal, complexa nas derivações a especiaria como seja pimenta branca. Torna-se evidente, em cada momento, a Trincadeira. Na boca surge com notas adocicadas licoradas, taninos discretos e finos. Depois, novamente muito especiado e alguma madeira em perfil fumado e tostado. Corpo fino, e elegante, a faltar porém alguma amplitude na comparação com outros da mesma região. Final correcto, novamente em elegância, num vinho de perfil fino e gastronómico. Deverá continuar a evoluir nos próximos 2 a 3 anos mas depois parece-nos ser de beber rapidamente. 16,5 - 17


Próximos vinhos: Casa Burmester Reserva (T) 2006; Curva Reserva (T) 2006; Curva (B) 2007; Apegadas Quinta Velha Reserva (T) 2006; Viniaticu (T) 2006; Sarmentu (T) 2006; Vinha da Costa (T) 2005