segunda-feira, agosto 27, 2012

Do antigamente (ou nem tanto)

Quinta do Mouro (t) 1996


Não escondemos que tínhamos alguma curiosidade para perceber como estava este tinto. Marca actualmente consolidada, com bons tintos e alguns mesmo muito bons (destaque para o TN de 2003  e o tinto de 2004).

Este 1996, cuja rolha só saiu intacta graças a um saca-rolhas de lâminas, revelou a cor esperada para os 17 anos de vida, ou seja muito centrada numa tonalidade vermelha escura, longe de se mostrar opaco. Nariz algo maduro, quente e ligeiramente cansado, mas ainda a dar prazer. A boca esteve bem melhor, com taninos ainda por polir mas maduros e saborosos, tudo a revelar alguma garra. Se a prova de nariz estivesse ao nível da da boca tínhamos aqui um grande tinto.

Em suma, portou-se bem este tinto alentejano, não de forma totalmente altiva, mas também não decepcionou.

sexta-feira, agosto 24, 2012

Surpresa

Duende (b) 2009

Grande surpresa esta! Um branco «fora da caixa» - 100% rabo de ovelha - proveniente de Borba. Um belíssimo trabalho do jovem enólogo André Herrera de Almeida com base numa vinha de sequeiro plantada há mais 30 anos em solos argilosos e de xistos.

Um vinho aromaticamente subtil, sem exageros, citrino e mineral. Cheio na prova de boca, com belíssimo final. Tudo a revelar enologia contida e respeitadora das massas vínicas. O que nos fica na memória é exactamente essa fórmula (tão pouco comum, mesmo em ditos topos de gama) de conseguir conciliar uma prova cheia e complexa com frescura e leveza. Tudo isto num branco alentejano, ou melhor, num bom branco alentejano.


16,5 

quarta-feira, agosto 22, 2012

Novidade

Vale de Cavalos (t) 2009


Um tinto moderno este douro de perfil quente e muito frutado. Nariz exuberante, com muita fruta preta, violetas, chocolate preto, e algum fumo. A boca não desilude no perfil, macia, com taninos só possíveis no Douro Superior, saboroso mas de final curto. Um tinto desenhado para a conquista de novos consumidores e, a meu ver, um tinto que se dará muito bem noutros mercados como seja Estados Unidos e Inglaterra. 


Em suma, um douro apelativo aos sentidos, com muita fruta e alguma barrica, e um preço muito competitivo. Uma fórmula de sucesso!

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segunda-feira, agosto 20, 2012

Do antigamente

Bussacos '58, branco '68 e tinto '83


Depois de um interregno, voltámos a provar algumas das nossas colheitas favoritas do nosso (favorito) Bussaco (ou Buçaco, mais modernamente). Tínhamos provado vários destes vinhos em 2009 (ver aqui) e outros ainda depois e agora, com muita alegria, voltámos ao ataque.

Ambos os '58, tinto e branco, são vinhos sublimes e não só tendo em consideração a idade. São vinhos com força ainda, sobretudo o tinto, que dão muito prazer, e não dispensam mesmo acompanhar uma refeição (depois da prova foram testados com um prato de bacalhau e outro de leitão), e pensar que cada um têm mais de cinco décadas de vida...

O branco '68 é diferente. Provou-se duas garrafas: a primeira confusa a precisar de muito arejamento, notas a mofo (não de TCA) e a pó qe prejudicavam a prova; a segunda garrafa melhor, com fruta muito evoluída e confitada no nariz mas felizmente com prova de boca correcta, saborosa e com vincada acidez.

Mais uma vez, o tinto de '83 revelou-se a um nível altíssimo, elegante, com fruta encarnada muito bonita mas sedutor e carnudo, mais a lembrar a um bordéus do que um borgonha. Um grande vinho com quase três décadas em qualquer lado do mundo! 


quinta-feira, agosto 16, 2012

Novidade

Casa das Buganvílias (r) 2011

Um rosé feito da casta vinhão (também conhecida por sousão no Douro), como este da Casa das Buganvílias, não consegue deixar de se revelar diferente do estereótipo dos rosés nacionais. Desde logo na cor, quase tinta fruto do forte carácter tintureiro (corante) da casta; depois, pela prova de boca, cheia, marcada pela elevada acidez e ligeiro pico, bem como com notas de fruta preta e amarga. Já o nariz pode enganar à primeira... com notas violáceas vivas e frescas não se percebe, logo no imediato, tratar-se de um verde vinhão.

De resto, um rosé vinhão bem feito, diríamos até que superior ao habitual nos verdes tintos da região e, por isso, recomendável para quem nunca provou a casta e tem curiosidade. Também se afigura recomendável para aqueles que não dispensam acompanhar certos pratos com vinhão. Aliás, neste caso tratar-se de um rosé até pode permitir uma maior versatilidade, desde cabidelas a sardinhas assadas.

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